Clarisse Lispector – A hora da estrela
Sinto um prazer imenso ao perceber que existem (ou existiram) pessoas como eu, que simplesmente acreditam que às vezes ser anti-social é a única dádiva que se tem.
Em uma sociedade onde a efemeridade e o egoísmo reinam, me dou o direito de também ser efêmera e egoísta, mas de forma diferente.
A efemeridade eu aplico as coisas que ouço, as futilidade das vidas alheias, aos sentimentos mesquinhos e principalmente aos sofrimentos corriqueiros inevitáveis.
Já o egoísmo, aplico na forma de não querer dividir com as pessoas minhas lutas e batalhas diárias, meus sentimentos mais pessoais, coisas as quais dividimos só com amigos, e nesse caso também me dou o direito de escolher bem àqueles aos quais aplico esse adjetivo, não sei se as pessoas percebem isso, ou sou só eu que sou chata e pé atrás mesmo, mas hoje as pessoas nem se conhecem e já se chamam de amigos(as), dividem confidências com completos estranhos, e a partir daí passam a viver tudo de uma forma inexplicavelmente mágica...
Mas aí é que tá, é tão rápido esse contágio conhecido como amizade, que não dá tempo de construir bases sólidas, não dá pra conhecer a pessoa de verdade, e então as tais ”amizades” também terminam em piscares de olhos, e todas aquelas confidências, todos aqueles momentos indescritíveis são jogados ao vento.
Aí as pessoas sofrem... Por isso me dou o direito de chamar de amigos, aqueles que realmente o são.
Sem essa falsidade, isso é meu egoísmo, minha forma de ver as coisas, minha forma de me adaptar a essa sociedade que parece estar (se realmente não o tiver) de pés a cabeça.
Me contento com os poucos e bons amigos, mas saberei que não importa, quanto tempo passe, eles sempre estarão lá.
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