sexta-feira, 18 de março de 2011

Ser sociável ou não ser? eis a questão.

“É. Eu me acostumo mas não amanso. Por Deus! Eu me dou melhor com os bichos do que com gente. Quando vejo o meu cavalo livre e solto no prado – tenho vontade de encostar meu rosto no seu vigoroso e aveludado pescoço e contar-lhe a minha vida. E quando acaricio a cabeça do meu cão – sei que ele não exige que eu faça sentido ou me explique.”

Clarisse Lispector – A hora da estrela


Sinto um prazer imenso ao perceber que existem (ou existiram) pessoas como eu, que simplesmente acreditam que às vezes ser anti-social é a única dádiva que se tem.

Em uma sociedade onde a efemeridade e o egoísmo reinam, me dou o direito de também ser efêmera e egoísta, mas de forma diferente.

A efemeridade eu aplico as coisas que ouço, as futilidade das vidas alheias, aos sentimentos mesquinhos e principalmente aos sofrimentos corriqueiros inevitáveis.

Já o egoísmo, aplico na forma de não querer dividir com as pessoas minhas lutas e batalhas diárias, meus sentimentos mais pessoais, coisas as quais dividimos só com amigos, e nesse caso também me dou o direito de escolher bem àqueles aos quais aplico esse adjetivo, não sei se as pessoas percebem isso, ou sou só eu que sou chata e pé atrás mesmo, mas hoje as pessoas nem se conhecem e já se chamam de amigos(as), dividem confidências com completos estranhos, e a partir daí passam a viver tudo de uma forma inexplicavelmente mágica...

Mas aí é que tá, é tão rápido esse contágio conhecido como amizade, que não dá tempo de construir bases sólidas, não dá pra conhecer a pessoa de verdade, e então as tais ”amizades” também terminam em piscares de olhos, e todas aquelas confidências, todos aqueles momentos indescritíveis são jogados ao vento.

Aí as pessoas sofrem... Por isso me dou o direito de chamar de amigos, aqueles que realmente o são.

Sem essa falsidade, isso é meu egoísmo, minha forma de ver as coisas, minha forma de me adaptar a essa sociedade que parece estar (se realmente não o tiver) de pés a cabeça.

Me contento com os poucos e bons amigos, mas saberei que não importa, quanto tempo passe, eles sempre estarão lá.


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